TESTE: Citroën C3 Aircross entrega espaço e desempenho de sobra, mesmo sendo simplório

por Guilherme Sousa

Você ainda lembra do Citroën Aircross como aquela minivan de proposta aventureira, comercializada na década passada, certo? Mas sabia que o modelo foi ressuscitado no final de 2023, com uma roupagem SUV? Pois é. Agora feito sob a batuta do projeto/família C-Cubed, com uma mãozinha da Stellantis da Índia, o francês busca se reafirmar no nosso mercado com amplo espaço interno, motorização turbo e capacidade para até sete passageiros, sendo o mais acessível do país com tal quantidade de ocupantes.

Como forma de aferirmos os prós e contras, recebemos, para um teste de sete dias, o Citroën C3 Aircross Shine, versão topo de linha, mas aqui com cinco lugares, numa deferência feita pela equipe de comunicação da Stellantis (muito obrigado, Carolina Alves, Tatiana Carvalho, Fabrício Biondo e Stephanie Cristine), com o apoio da concessionária Revemar (obrigado, Karen). Tendo um visual familiar àquele visto no C3 hatch, o Aircross possui algumas diferenças sutis na dianteira, coluna C bastante destacada (tendo que deixar apenas uma brecha para a janelinha espia), faróis diurnos com assinatura em forma de “Y” e lanternas com design próprio. Tudo distribuído em 4,32 metros de comprimento, 1,72 m de largura, 1,64 m de altura e 2,67 m de entre-eixos. 

       
Figurinha carimbada em outros modelos da Stellantis, o motor Firefly 1.0 T200 desenvolve 130 cavalos de potência e 20,4 kgfm (200 Nm) de torque. Desse modo, sai da inércia aos 100 km/h em 9,7 segundos, e conta com o auxílio do câmbio automático do tipo CVT de sete marchas simuladas, e um modo Sport de condução posicionado atrás do volante, do lado esquerdo. Durante o convívio, a média de consumo foi de 9,4 km/l, em circuito misto. Mesmo sendo um carro maior, foi ágil quando era preciso e conseguiu realizar ultrapassagens de forma segura.


Entre os principais equipamentos de série, o Citroën C3 Aircross Shine traz painel de instrumentos digital de 7 polegadas (ausente no C3), central multimídia de 10 polegadas, conexões Android Auto e Apple CarPlay sem cabos, ar-condicionado manual (no Aircross 2025, passa a ser digital), revestimento sintético nos bancos, duas tomadas USB para os bancos traseiros, entre outros. Embora o projeto seja para ser um carro acessível, o acabamento interno, ainda que feito majoritariamente de plástico rígidos, teve boa montagem, e não apresentou rebarbas na sua construção.

Assim como no Jeep Commander Blackhawk, avaliado anteriormente, o espaço interno do Aircross é, diria, seu maior ponto forte. Como a unidade testada não tinha sete lugares, com cinco, o espaço para pernas nos bancos traseiros é algo cavernoso. Aperto? Garanto que não passará. E em virtude da ausência da terceira fileira, o bagageiro possui a maior capacidade entre todos os SUVs compactos vendidos: 493 litros. A título de comparação, as versões de sete lugares do modelo levam somente 50 litros no minúsculo porta-malas que resta. Mas apresenta uma vantagem: tem saída de ar-condicionado para os bancos traseiros, instalado no teto.


Existiram descompassos no Aircross? Sim. A unidade avaliada não possuía chave com telecomando, ou seja, não tinha trava elétrica. Apenas uma chave reserva, sem travamento e destravamento remoto, abria e fechava as portas, assim como acionava a ignição, tal como à moda antiga. Durante o recebimento do Aircross, a atendente do pós-vendas da concessionária Revemar Citroën alegou que o modelo passou por recall no item, o que não me convenceu. Consultando o site da marca, e tendo em posse o número do chassi e da placa do exemplar de teste, foi constatado que houve, sim, um recall, mas foi relacionado ao chicote do motor, não possuindo nenhum outro ligado à parte elétrica. Na busca por esclarecimentos, procuramos a Citroën e a comunicação da Stellantis, mas até o fechamento desta avaliação, não tive resposta. O espaço segue aberto para quaisquer manifestações.

CONCLUSÃO

No final das contas, o Citroën C3 Aircross Shine de cinco lugares despediu-se bem APROVADO da avaliação do Ver-o-Carro. Com preço sugerido pela marca de R$ 136.900,00, o meio SUV, meio minivan, é a boa pedida para aquele consumidor que preza por um bom custo-benefício na ponta do lápis. Entretanto, é bom ponderar que o carro abre mão de determinados itens, para custar menos. Mas se não faz questão, o Aircross é a melhor opção.

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FICHA TÉCNICA – CITROËN C3 AIRCROSS SHINE 1.0 T200

Motor: Firefly 1.0 turbo

Potência: 130 cv

Torque: 20,4 kgfm (200 Nm)

Câmbio: Automático CVT de sete marchas

Combustível: Gasolina/etanol

Consumo: 9,4 km/l

0-100 km/h: 9,7 segundos

Velocidade máxima: 191 km/h

Tração: Dianteira

Direção: Elétrica

Suspensão dianteira: Independente, McPherson com barra estabilizadora

Suspensão traseira: Por eixo de torção

Comprimento: 4,32 m

Largura: 1,79 m

Altura: 1,65 m

Distância entre-eixos: 2,67 m

Volume do porta-malas: 50 litros (7 lugares)/493 litros (5 lugares)

Rodas: 7,5” x 17” – liga-leve

Pneus: 215/60 R17

Peso do veículo (em ordem de marcha): 1.216 kg

Capacidade de carga: 490 kg

REVISÕES*

10.000 km: R$ 665,00

20.000 km: R$ 799,00

30.000 km: R$ 881,00

40.000 km: R$ 799,00

50.000 km: R$ 665,00

60.000 km: R$ 1.722,00

*Preços fixos sugeridos pela montadora, com intervalos de um ano ou 10.000 km para cada revisão, o que ocorrer primeiro.